João Só e Os Amigalhaços

Qual prémio de consagração, João Só e Os Abandonados encheram o airoso TMN ao Vivo e perfumaram a noite com vários convidados, naquele que João Só admitiu ter sido «o melhor concerto de sempre» da banda. O início da noite à porta da sala, no Cais do Sodré, fazia adivinhar um espírito familiar. Durante o concerto, pais e filhos separaram-se: os adolescentes amontoaram-se lá à frente, sempre divertidos, sob o olhar dos casais adultos que, mais contidos, desfrutaram sobretudo das baladas melancólicas, como é o caso de “Canção de Isqueiro”, logo a primeira, e “A Marte”, um dos êxitos da banda. Mais cliché, menos cliché, a verdade é que o público correspondeu sempre com entusiasmo e a letra sabida na ponta da língua. As efervescentes “Coisas Desse Género” e “Fogo” revelaram especial adesão, mas os momentos altos deram-se, naturalmente, com a entrada em palco dos amigos convidados de João Só. O músico lisboeta António Fontes interpretou ao lado do anfitrião da noite as músicas “Desapego” e “Amanhã Logo Se Vê”. Zé Pedro, guitarrista dos Xutos & Pontapés, participou em “Cansado” e, envolvido em euforia, aceitou o desafio de cantar “Submissão”, dos Xutos, no momento mais rockeiro de todo o concerto. Nuno Markl também não faltou: tinha subido ao palco no início para apresentar um programa onde vai trabalhar com João Só, a ser lançado brevemente. Porque há dias em que tudo parece correr bem, era bem visível a expressão de satisfação e orgulho de João Só, ao mesmo tempo que o público gritava o seu nome nos entretantos das músicas. Lúcia Moniz era a convidada mais aguardada, e surgiu muito bem disposta para cantar “O que houver de ti” e provar o carinho de todos em “Sorte Grande”. Aí, os artistas convidaram uma fã para subir ao palco e gravar o momento especial no telemóvel do artista. Um cenário de festa e sorrisos que, aliás, não se afastou muito da que se viveu desde o início. Mas ainda não tinha acabado: João Só agradece emocionado a todos os que o apoiam, ao responsável da Valentim de Carvalho que apostou nele sem garantias de sucesso e aos amigos da banda Asterisco Cardinal Bomba Caveira, com quem compôs a sua primeira música – tempo, então, para "Topa-me o Top", música rebelde e «barulhenta» criada à boleia das borbulhas pré-adolescentes. Faltavam, depois de tantos abraços e aplausos, duas das melhores músicas do primeiro álbum: as exaltadas "Cresce e Desaparece" e "Meu Bem" fecharam o alinhamento. Até no timing o concerto foi bem sucedido: choveu copiosamente em Lisboa enquanto muitos se divertiam no TMN ao Vivo; a chuva abrandou precisamente à saída do público.
 Fonte: Sapo On The Hop

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