‘O product placement representa 30 por cento das receitas’
Cerca de dois milhões de euros foi quanto a beActive facturou o ano passado e, para este ano, adianta ao M&P Nuno Bernardo, a produtora de Diário de Sofia e T2 para 3 espera crescer 25 por cento. Desde o início da semana que a produtora portuguesa está no no MIPTV, a decorrer em Cannes, a comercializar os seus formatos, bem como Salvador e Contra-Informação, produtos da Mandala, no mercado internacional.
Meios & Publicidade (M&P): O que motivou a parceria com a Mandala?
Nuno Bernardo (NB): Temos desde 2005 um stand permanente no MIPTV. Apesar da sua intensa actividade comercial, a beActive tem ainda um portfólio pequeno de produtos. Desta forma a aliança com a Mandala permite-nos alargar a oferta de produtos disponíveis para comercialização no MIPTV (seis produtos/séries). Temos todos a ganhar com a expansão internacional do audiovisual português. Quanto maior a notoriedade dos produtos made in Portugal, mais simples será o trabalho da beActive na venda dos seus produtos e os de outras produtoras de TV nacionais.
M&P: Televisão, telemóvel e internet são as plataformas para as quais estão a vender o Contra-Informação, à semelhança do que tem sucedido com formatos próprios da beActive. As produtoras já pensam verdadeiramente numa óptica multiplataforma?
NB: Já existe uma preocupação das produtoras de TV e dos próprios canais, não só a nível internacional mas também em Portugal, em pensarem numa óptica multiplataforma. O Contra-Informação é um desses exemplos: pela sua flexibilidade enquanto formato, em que pode ser um sketch de três minutos ou um programa de comédia de meia-hora, o Contra é um excelente produto para ser distribuído em várias plataformas, da TV ou telemóvel. Esta característica foi um dos motivos que nos levou a estabelecer esta parceria com a Mandala. Já no primeiro dia de MIPTV tivemos uma excelente receptividade ao formato, quer para TV, para portais de internet ou para para operadores de telecomunicações móveis.
M&P: São das poucas produtoras portuguesas que têm conseguido internacionalizar os seus formatos. Fecharam inclusive em 2006 um acordo com a Sony Pictures Television para a venda dos direitos de Diário de Sofia. Foi determinante para a expansão no mercado externo?
NB: Estar associado a uma major de Hollywood permitiu-nos chegar com o Diário de Sofia e os seus outros produtos a clientes e parceiros que à partida estariam vedados. Por outro lado, trouxe uma credibilidade acrescida não só ao produto, mas em especial à empresa e aos conteúdos made in Portugal. A nomeação conseguida este ano para um Emmy é resultado dessa notoriedade e credibilidade nos mercados internacionais.
M&P: O que tem impedido uma maior internacionalização dos formatos made in Portugal?
NB: Portugal tem uma grande tradição de importar conteúdos e formatos. Quando somos essencialmente compradores, é impossível revender esses formatos a nível internacional. São raros os formatos ou conteúdos made in Portugal. Mesmo a pouca ficção criada em Portugal é muito focada no gosto e num universo português com pouco potencial de exportação ao qual se alia o facto de falarmos em português (e nem o grande mercado brasileiro aceita o nosso conteúdo falado em Portugal). Para que possamos ter uma maior expressão a nível internacional é importante que os canais nacionais arrisquem mais em formatos de entretenimento criados em Portugal, mesmo que isso signifique um risco maior, e que a nossa ficção seja mais original e aborde temas mais universais e não sofra do efeito ‘me too’, isto é, que tente replicar em Portugal modelos e receitas já exploradas a nível internacional.
M&P: Apostaram logo no início numa lógica de product placement, tendo criado uma unidade para esse efeito na beActive. O que já representa nas contas da produtora?
NB: Em alguns casos, nomeadamente no T2 para 3, os custos de produção, ou seja, o financiamento da produção da série foi obtido através de product placement e branded entertainment. Ford, Nestlé, Pringles, Shockwaves, Nivea e Chupa Chups foram algumas das marcas que viabilizaram a produção da série. Em Inglaterra, as três temporadas do Diário de Sofia foram produzidas com fundos obtidos exclusivamente junto de anunciantes. Mais recentemente, a versão do T2 para 3 produzida na Grécia foi paga pela marca de cervejas Amstel. Neste momento o product placement representa 30 por cento das receitas da produtora, mas é uma área que tenderá a crescer num futuro próximo.
M&P: Dados os budgets cada vez mais apertados das televisões é por aí que as produtoras têm de apostar para garantir a viabilidade dos seus projectos?
NB: A nível internacional é já uma realidade. Os canais de TV já pagam valores muito baixos pela exibição dos conteúdos e compete ao produtor encontrar financiadores adicionais, nomeadamente através de sponsorship ou oportunidades de branded entertainment. Em Portugal já se começa a dar os primeiros passos, especialmente nos canais de TV por cabo, em que os canais não pagam (ou pagam valores residuais) pelos conteúdos que exibem.
M&P: As Produções Fictícias lançaram em Março o seu próprio canal no Meo, o Q. Pensa avançar nesse sentido? Podemos esperar um canal beActive?
NB: Numa altura em que o consumo de conteúdo é cada vez mais on-demand, multiplataforma e baseado em experiências de PVR (Personal Video Recorder), entendemos que faz pouco sentido comercial explorar a opção da distribuição linear de conteúdos (um canal de TV tradicional) mas mais disponibilizar os conteúdos em diferentes plataformas e numa lógica de on-demand.
M&P: Estreiam em Maio no Canadá, para a HBO, e no Reino Unido, no Channel 5, Living in Your Car, uma mini-série com Ivo Canelas e Lúcia Moniz. O formato vai chegar ao mercado português?
NB: Estamos em contacto com três canais de TV nacionais aos quais já fizemos chegar DVD com os episódios da série. Aguardamos pelo feedback.
M&P: Quais os próximos projectos?
NB: A beActive está já a preparar a segunda temporada da série Living in Your Car, está a exportar o Castigo Final para os Estados Unidos e para a Rússia, o T2 para 3 para 4 outros países e a preparar duas séries infanto-juvenis chamadas O Meu Melhor Amigo é um Fantasma e a Escola Verde, uma série para a MTV no Brasil chamada Os Jogadores e alguns projectos de branded entertainment em Portugal. Um deles, ligado ao Mundial de Futebol, irá estrear ainda este mês.
Fonte:Meios & Publicidade
Meios & Publicidade (M&P): O que motivou a parceria com a Mandala?
Nuno Bernardo (NB): Temos desde 2005 um stand permanente no MIPTV. Apesar da sua intensa actividade comercial, a beActive tem ainda um portfólio pequeno de produtos. Desta forma a aliança com a Mandala permite-nos alargar a oferta de produtos disponíveis para comercialização no MIPTV (seis produtos/séries). Temos todos a ganhar com a expansão internacional do audiovisual português. Quanto maior a notoriedade dos produtos made in Portugal, mais simples será o trabalho da beActive na venda dos seus produtos e os de outras produtoras de TV nacionais.
M&P: Televisão, telemóvel e internet são as plataformas para as quais estão a vender o Contra-Informação, à semelhança do que tem sucedido com formatos próprios da beActive. As produtoras já pensam verdadeiramente numa óptica multiplataforma?
NB: Já existe uma preocupação das produtoras de TV e dos próprios canais, não só a nível internacional mas também em Portugal, em pensarem numa óptica multiplataforma. O Contra-Informação é um desses exemplos: pela sua flexibilidade enquanto formato, em que pode ser um sketch de três minutos ou um programa de comédia de meia-hora, o Contra é um excelente produto para ser distribuído em várias plataformas, da TV ou telemóvel. Esta característica foi um dos motivos que nos levou a estabelecer esta parceria com a Mandala. Já no primeiro dia de MIPTV tivemos uma excelente receptividade ao formato, quer para TV, para portais de internet ou para para operadores de telecomunicações móveis.
M&P: São das poucas produtoras portuguesas que têm conseguido internacionalizar os seus formatos. Fecharam inclusive em 2006 um acordo com a Sony Pictures Television para a venda dos direitos de Diário de Sofia. Foi determinante para a expansão no mercado externo?
NB: Estar associado a uma major de Hollywood permitiu-nos chegar com o Diário de Sofia e os seus outros produtos a clientes e parceiros que à partida estariam vedados. Por outro lado, trouxe uma credibilidade acrescida não só ao produto, mas em especial à empresa e aos conteúdos made in Portugal. A nomeação conseguida este ano para um Emmy é resultado dessa notoriedade e credibilidade nos mercados internacionais.
M&P: O que tem impedido uma maior internacionalização dos formatos made in Portugal?
NB: Portugal tem uma grande tradição de importar conteúdos e formatos. Quando somos essencialmente compradores, é impossível revender esses formatos a nível internacional. São raros os formatos ou conteúdos made in Portugal. Mesmo a pouca ficção criada em Portugal é muito focada no gosto e num universo português com pouco potencial de exportação ao qual se alia o facto de falarmos em português (e nem o grande mercado brasileiro aceita o nosso conteúdo falado em Portugal). Para que possamos ter uma maior expressão a nível internacional é importante que os canais nacionais arrisquem mais em formatos de entretenimento criados em Portugal, mesmo que isso signifique um risco maior, e que a nossa ficção seja mais original e aborde temas mais universais e não sofra do efeito ‘me too’, isto é, que tente replicar em Portugal modelos e receitas já exploradas a nível internacional.
M&P: Apostaram logo no início numa lógica de product placement, tendo criado uma unidade para esse efeito na beActive. O que já representa nas contas da produtora?
NB: Em alguns casos, nomeadamente no T2 para 3, os custos de produção, ou seja, o financiamento da produção da série foi obtido através de product placement e branded entertainment. Ford, Nestlé, Pringles, Shockwaves, Nivea e Chupa Chups foram algumas das marcas que viabilizaram a produção da série. Em Inglaterra, as três temporadas do Diário de Sofia foram produzidas com fundos obtidos exclusivamente junto de anunciantes. Mais recentemente, a versão do T2 para 3 produzida na Grécia foi paga pela marca de cervejas Amstel. Neste momento o product placement representa 30 por cento das receitas da produtora, mas é uma área que tenderá a crescer num futuro próximo.
M&P: Dados os budgets cada vez mais apertados das televisões é por aí que as produtoras têm de apostar para garantir a viabilidade dos seus projectos?
NB: A nível internacional é já uma realidade. Os canais de TV já pagam valores muito baixos pela exibição dos conteúdos e compete ao produtor encontrar financiadores adicionais, nomeadamente através de sponsorship ou oportunidades de branded entertainment. Em Portugal já se começa a dar os primeiros passos, especialmente nos canais de TV por cabo, em que os canais não pagam (ou pagam valores residuais) pelos conteúdos que exibem.
M&P: As Produções Fictícias lançaram em Março o seu próprio canal no Meo, o Q. Pensa avançar nesse sentido? Podemos esperar um canal beActive?
NB: Numa altura em que o consumo de conteúdo é cada vez mais on-demand, multiplataforma e baseado em experiências de PVR (Personal Video Recorder), entendemos que faz pouco sentido comercial explorar a opção da distribuição linear de conteúdos (um canal de TV tradicional) mas mais disponibilizar os conteúdos em diferentes plataformas e numa lógica de on-demand.
M&P: Estreiam em Maio no Canadá, para a HBO, e no Reino Unido, no Channel 5, Living in Your Car, uma mini-série com Ivo Canelas e Lúcia Moniz. O formato vai chegar ao mercado português?
NB: Estamos em contacto com três canais de TV nacionais aos quais já fizemos chegar DVD com os episódios da série. Aguardamos pelo feedback.
M&P: Quais os próximos projectos?
NB: A beActive está já a preparar a segunda temporada da série Living in Your Car, está a exportar o Castigo Final para os Estados Unidos e para a Rússia, o T2 para 3 para 4 outros países e a preparar duas séries infanto-juvenis chamadas O Meu Melhor Amigo é um Fantasma e a Escola Verde, uma série para a MTV no Brasil chamada Os Jogadores e alguns projectos de branded entertainment em Portugal. Um deles, ligado ao Mundial de Futebol, irá estrear ainda este mês.
Fonte:Meios & Publicidade
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