West Side Story: uma história com bastidores!






Lá "fora" conta-se uma versão de um clássico de Shakespeare adaptada a uma realidade norte-americana, com gangues rivais em plena Nova Iorque dos anos 60. São 21.30 quando o espectáculo encenado por Filipe La Féria mostra a "luta" em versão nacional.







Os espectadores concentram-se nos pormenores, os actores dão o máximo em palco, mas o seu trabalho começou bem mais cedo. Eram 19.00 quando a maioria dos actores começou a chegar ao Politeama. Calmamente, como que pertencendo a uma máquina bem afinada, tomam as suas tarefas e preparam o espectáculo do dia.


Poucos minutos depois, rumam ao Olympia, para o aquecimento. Os exercícios físicos não são brincadeira e no meio de muito movimento e música, facilmente surge a dúvida: actores, cantores ou atletas?

Cerca de uma hora depois, dá-se o segundo aquecimento, o vocal. Já em frente ao palco do Politeama, os actores juntam-se e sob as ordens de Tiago Isidro aquecem as vozes: passam dos tons mais altos, aos mais baixos e rapidamente há algumas vozes que se destacam.


Um a um, actores e actrizes recebem os seus microfones, previamente testados, e dirigem-se ao palco, onde cantam sozinhos. Um a um, é-lhes perguntado como se sentem para cantar, se estão doentes ou se já recuperaram. Com níveis ajustados e personalizados, há mais uns passos pela frente: maquilhagem e cabeleireiro, alguns casos mais complicados que outros, mas todos o fazem com um sorriso.



Segue-se a pausa para o jantar até pouco antes das 21.00, quando todo o elenco se junta para um momento de concentração e de união... Falta pouco para entrar em palco!


A sala do Politeama está cheia quando a música abre a versão de Filipe La Féria do West Side Story. No palco conta-se uma versão "norte-americana" de Romeu e Julieta. Nos bastidores, são poucos os momentos tranquilos.


Coordenados com a equipa técnica, dezenas de actores sobem e descem as escadas, prontos para entrar na sua cena. Enquanto esperam, voltam aos exercícios de aquecimento, aos alongamentos, voltam a treinar os passos de dança, numa enorme mistura de som, movimento, de cor, de luzes e de adereços, que vão desde uma simples pistola (falsa) a um bar numa caravana. A dúvida, essa, mantém-se: actores, cantores ou atletas?


Coordenação, amizade e profissionalismo

Apesar da concentração no seu trabalho, o ambiente é descontraído. Os actores metem-se uns com os outros, brincam, conversam e durante a peça não há vedetismos. A tudo isto, assiste o veterano Alberto Villar, com a calma de quem conhece o meio e os bastidores de um teatro...


Todos estão atentos aos seus momentos. Muitas vezes saem de palco, mas a cena não acaba ali e dirigem-se para as cabines de som, onde continuam a cantar e a apoiar a cena que se vê lá à frente. Lá fora ouve-se um "Bravo!" do encenador Filipe La Féria...


É um musical completamente ao vivo em que quase nenhum som está gravado, excepção feita às Harley-Davidson que subirão ao palco.


Quem não conheça a peça, pouco percebe da história. Mas nos bastidores há uma realidade diferente e toda a coordenação torna-se fascinante. A tudo isto, os cerca de 15 técnicos assistem tranquilamente. No intervalo avisam os actores que têm mais dois minutos para voltar aos seus postos: "não é preciso andar em cima deles. É uma equipa muito disciplinada", confirmam.

Mais cenas, mais ritmo

A segunda parte de West Side Story aumenta um pouco o ritmo nos bastidores, enquanto o drama cresce no palco. Mais luzes, mais movimento, mais música. Um tiro (quase) real nos bastidores confirma a morte de uma personagem no palco.

O drama adensa-se e West Side Story aproxima-se do fim, que chega com uma ovação de pé. O público foi conquistado pela versão portuguesa de West Side Story, uma das melhores adaptações da história original, segundo referiu um dos responsáveis pelos direitos da peça.


No entanto, o movimento ainda não acabou. Nos agradecimentos, os actores soltam-se ainda mais e aproveitam para relaxar e para se divertirem juntos em palco. Quando o abandonam definitivamente, em poucos minutos deixam o Politeama. Fica a equipa técnica que volta a colocar os adereços nos locais certos, para que o próximo West Side Story comece novamente como uma máquina bem oleada...


Fonte:Expresso

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