Herberto Helder e Mafalda Veiga homenageados no "Poesia à mesa"



Festival regressa a São João da Madeira no dia 29 deste mês e consagra seis poetas de diferentes gerações.

Se juntarmos dois amigos numa biblioteca à conversa sobre poesia, como o poeta José Fanha e o radialista Fernando Alves, ou se levarmos ao palco dos Paços da Cultura Ana Deus, do Três Tristes Tigres, num Serão Poético ao som do piano de João Paulo Esteves da Silva, é fácil perceber que estamos no Festival Poesia à Mesa, em S. João da Madeira. A poesia volta a sair à rua no dia 29 de fevereiro para ir aos sítios mais inusitados e só volta para os livros a 21 de março. Vai às fábricas, autocarros, centro de saúde, restaurantes. O evento vai homenagear seis poetas.

"Tivemos a surpresa de finalmente homenagearmos Herberto Helder. Nunca pensamos que pudesse acontecer, porque os seus herdeiros têm dificuldade em ceder os direitos", diz Paulo Condessa, comissário do evento. O madeirense, que faleceu há cinco anos, junta-se aos poetas Fernando Assis Pacheco, que foi jornalista e exorcizava os fantasmas da Guerra Colonial na escrita, à cantautora Mafalda Veiga, ao surrealismo de Mário-Henrique Leiria, à jovem Andreia C. Faria que recebeu o prémio SPA 2017, e à sofisticação da poesia do século XVII de Soror Violante.

Peregrinação a 20 de março

As obras dos seis poetas vão ser ouvidas pela cidade, na noite de 20 de março, na habitual Peregrinação Poética, no ano em que o festival atinge a maioridade. Mafalda Veiga vai juntar-se aos grupos sanjoanenses que vão correr as estações poéticas dedicadas a cada um dos homenageados. Mas antes disso, o festival abre, a 29 de fevereiro, na Casa da Criatividade, pela voz de Pedro Lamares e Lúcia Moniz, numa peça que celebra a amizade de Sophia Mello Breyner e Jorge de Sena.
A Câmara investe 30 mil euros no evento que vai levar, pela segunda vez, poesia ao centro de saúde, a 18 e 19 de março.

"O comissário José Fanha vai tratar poeticamente das maleitas dos pacientes. A iniciativa foi muito bem acolhida pelos utentes e pessoal médico", adianta o autarca Jorge Sequeira. O festival também vai ao Mercado a 10 de março, aos autocarros a 7 de março, e vai chegar a mais restaurantes e a novas fábricas, que vão parar as máquinas para os trabalhadores ouvirem declamações.

Na Viarco, única fábrica de lápis do país, ainda há o "Turno da Noite", a 11 de março. É a vez de serem os operários a dizer poesia, numa visita guiada à sala das máquinas.

"Este é um dos mais originais e completos festivais literários do país". Quem o diz é o presidente da Câmara, que espera "que no final se passe a ler mais poesia".

Comentários

Mensagens populares deste blogue

MARIA DO AMPARO, LÚCIA e SARA juntas para ver CARLOS ALBERTO MONIZ

Fotos: Lúcia Moniz recebe visita da família em concerto intimista