Política e moda unidas pelas mulheres que lutam contra o cancro
A moda e a política marcaram um improvável encontro nos claustros da Assembleia da República, esta quinta-feira à noite. O pretexto: um desfile de chapéus e outros adereços para a cabeça, criados pelos maiores estilistas nacionais, a pensar nas mulheres que enfrentam a queda do cabelo, um dos efeitos dos tratamentos da luta contra o cancro.
A iniciativa, proposta e dinamizada pela deputada socialista Sónia Fertuzinhos - uma sobrevivente da doença -, fugiu a todos os padrões das sessões de abertura do Parlamento à sociedade. Mas o próprio presidente da Assembleia, Jaime Gama, encarregou-se de afastar quaisquer constrangimentos ao resumir numa palavra - "honra" - a importância da festa para os deputados.
"A Assembleia, nos seus poderes de representação, tem de interpretar os problemas das pessoas, saber encontrar soluções", disse ao DN Maria de Belém Roseira, presidente da comissão parlamentar de Saúde. "Hoje estamos a investir num objectivo que está muito para além da política, que é a luta contra o cancro."
Maria do Céu Machado, alta-comissária para a Saúde, explicou aos presentes, com exemplos, o valor terapêutico da preservação da auto-estima para mulheres que não deixam de o ser por estarem a lutar pela saúde: "Estudos feitos há uns anos provam que nas enfermarias em que se propunha às mulheres usarem batom, o tempo de internamento era menor", contou. "Sentiam-se mais bonitas, logo mais saudáveis."
Exibir em vez de esconder
Algumas dessas mulheres desfilaram ontem. Confortáveis no seu papel. Mesmo rodeadas por estrelas das passerelles, como Flor e Sofia Aparício; e actrizes com fãs entre todos os públicos: Maria João Bastos, Lúcia Moniz, Beatriz Batarda, Catarina Wallenstein e Inês Castel-Branco.
Sob luzes intensas e batidas modernas, com flores roxas a enfeitar vasos de granito há décadas esquecidos nas arcadas de São Bento, os criadores foram, um a um, exibindo as suas criações.
Fátima Lopes, Storytailors, Rita Bonaparte, Júlio Torcato, Filipe Faísca, Nuno Baltazar, Katty Xiomara, Ana Salazar, Alves e Gonçalves, José António Tenente. A maioria com propostas pensadas para atrair - e não intimidar - o público-alvo (ver caixa). Mas sem dispensar, aqui e ali, as sugestões mais excêntricas.
Ana Salazar - que apostou na combinação do couro preto com o metal - garantiu ao DN não ter sentido dificuldades na busca de inspiração para o desafio: "Gosto imenso de fazer chapéus, turbantes, acessórios para a cabeça", confessou.
"E a ideia de pessoas que passam, ou venham a passar por esse problema, não terem de recorrer às antigas fórmulas, das perucas e lenços, é muito interessante." O que antes servia para esconder, explicou, "passa a ser um acessório lúdico, bonito, sofisticado, com muito mais possibilidades".
Fonte:DN
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